Celebrar O Ano da Fé é muito mais
do que viver 365 dias como um ano civil, não é um tempo cronológico, mas um
“ano da graça do Senhor”. É um Kairós, um tempo em que Deus através da Igreja
nos chama para si, para determinada graça que quer renovar ou derramar sobre
nós em vista de nossa conversão e de sua Vinda próxima, seguindo a necessidade
dos tempos. Segundo a Tradição, o povo Hebreu vivia a cada sete anos um ano
sabático, onde durante aquele ano, libertavam-se os presos, perdoavam-se as
dividas, e tudo que os animais e a terra produziam pertencia ao Senhor. Era um
ano de perdão e ação de graças.
Qual é a grande necessidade dos
nossos tempos? “Desde o princípio do meu ministério como Sucessor de Pedro,
lembrei a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com
evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com
Cristo. Durante a homilia da Santa Missa no início do pontificado, disse: “A
Igreja no seu conjunto, e os Pastores nela, como Cristo devem pôr-se a caminho
para conduzir os homens fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o
Filho de Deus, para Aquele que dá a vida, a vida em plenitude” (cf. Jo 10,10).
Enquanto, no passado, era possível reconhecer um tecido cultural unitário,
amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela
inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes setores da sociedade
devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas.” (cf. Porta Fidei
n°2).
Pelo Batismo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo recebemos o Dom da Fé, que nos une a Cristo que é a PORTA para a plenitude da vida humana, pelo qual podemos nos dirigir a Deus como Pai e está concluída com a passagem da morte para vida eterna, fruto da ressurreição do Senhor Jesus, que com o dom do Espírito Santo quis nos fazer participantes de sua própria glória àqueles que creem. Essa é a nossa fé! O Batismo será o sacramento a ser renovado e vivido.
“Pelo batismo fomos sepultados
com ele em sua morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos pela
ação gloriosa do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova”. (cf. Rm 6,4).
Reavivar o dom da fé através do
encontro com a Pessoa de Cristo: Também o homem contemporâneo pode sentir de
novo a necessidade de ir como a samaritana ao poço, para ouvir Jesus que
convida a crer n’Ele e a beber na sua fonte, donde jorra água viva: Jesus
respondeu: “Todo o que bebe desta água, terá sede de novo; (cf. Jo 4, 14).
Devemos readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus, transmitida
fielmente pela Igreja, e do Pão da vida, oferecidos como sustento de quantos
são seus discípulos (cf. Jo 6, 51). De fato, em nossos dias ressoa ainda, com a
mesma força, este ensinamento de Jesus: “Trabalhai, não pelo alimento que
desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna” (Jo 6, 27). E a
questão, então posta por aqueles que O escutavam, é a mesma que colocamos nós
também hoje: “Que havemos nós de fazer para realizar as obras de Deus?” (Jo 6,
28). Conhecemos a resposta de Jesus: “A obra de Deus é esta: crer n’Aquele que
Ele enviou” (Jo 6, 29). Por isso, crer em Jesus Cristo é o caminho para se
poder chegar definitivamente à salvação (cf. Porta Fidei n°3).
Devemos viver este Ano da Fé
abrindo o nosso coração ao convite da Mãe Igreja, para aprofundar a nossa fé,
nas seguintes e importantes dimensões:
-A fé recebida como um Dom
gratuito fruto principal do encontro pessoal com Jesus e do Sacramento do
Batismo, que nos une a Cristo e a Sua Igreja;
- Renovar e aprofundar o dom da
Fé: através de um caminho de escuta e diálogo com Deus e com os irmãos, pela
Sagrada Escritura e pela sã Doutrina da Igreja, ouvindo os seus pastores e os
sinais dos tempos;
- Celebrar a fé: no dia a dia
celebramos a fé na oração e na celebração, principalmente dos Sacramentos, por
excelência a Eucaristia, supremo Sacramento da fé. Este é um dos motivos do Ano
da Fé. Celebrar o 50° do Concilio vaticano II na data de 11 de Outubro de 2012;
Celebrar o 20° ano da publicação do Catecismo da Igreja Católica promulgação
pelo Beato João Paulo II; Celebrar o primeiro fruto deste ano da fé, Assembleia
geral do Sínodo dos Bispos neste Mês de Outubro tendo como tema A nova
evangelização para a transmissão da fé Cristã;
- Professar a fé: “Idealizou-o
como um momento solene, para que houvesse, em toda a Igreja, “uma autêntica e
sincera profissão da mesma fé”; quis ainda que esta fosse confirmada de maneira
“individual e coletiva, livre e consciente, interior e exterior, humilde e
franca” (Disc Paulo VI). Pensava que a Igreja poderia assim retomar “exata
consciência da sua fé para reavivá-la, purificar, confirmar, confessar” (Disc
Paulo VI). As grandes convulsões, que se verificaram naquele Ano, tornaram
ainda mais evidente à necessidade duma tal celebração. Esta terminou com a
Profissão de Fé do Povo de Deus, para atestar como os conteúdos essenciais, que
há séculos constituem o patrimônio de todos os crentes, necessitam de ser
confirmados (cf. Porta Fidei n° 4).
- Testemunhar a fé: estes
conteúdos da fé “compreendidos e aprofundados de maneira sempre nova para se
dar testemunho coerente deles em condições históricas diversas das do passado”
(cf. Porta Fidei n° 4).
- Anunciar a fé: sempre com a
Igreja e enviados por Ela os cristãos conscientes e renovados na sua fé
anunciarão a Boa Nova com renovado ardor missionário atendendo aos apelos dos
nossos tempos.
Motiva-nos o Santo Padre:
Pareceu-me que fazer coincidir o início do Ano da Fé com o cinquentenário da
abertura do Concílio Vaticano II poderia ser uma ocasião propícia para
compreender que os textos deixados em herança pelos Padres Conciliares, segundo
as palavras do Beato João Paulo II, “não perdem o seu valor nem a sua beleza. É
necessário fazê-los ler de forma tal que possam ser conhecidos e assimilados
como textos qualificados e normativos do Magistério, no âmbito da Tradição da
Igreja. Sinto hoje ainda mais intensamente o dever de indicar o Concílio como a
grande graça de que beneficiou a Igreja no século XX: nele se encontra uma
bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa”. Quero aqui
repetir com veemência as palavras que disse a propósito do Concílio poucos
meses depois da minha eleição para Sucessor de Pedro: “Se o lermos e recebermos
guiados por uma justa hermenêutica, o Concílio pode ser e tornar-se cada vez
mais uma grande força para a renovação sempre necessária da Igreja” (cf. Porta
Fidei n° 5).
Vamos unidos com toda a Igreja e
confiantes trilhar este caminho, atravessar esta Porta, que implica
comprometer-se num caminho que dura à vida inteira, pois “eu sei em quem
coloquei a minha fé” (cf. 2Tm 1).
“Quero confiar à Santíssima Mãe
de Deus todas as dificuldades que vive o nosso mundo na busca de serenidade e
de paz; os problemas de tantas famílias que olham para o futuro com
preocupação, os desejos dos jovens que se abrem à vida, os sofrimentos dos que
esperam gestos e escolhas de solidariedade e de amor. Quero confiar à Mãe de
Deus também este especial tempo de graça para a Igreja, que se abre diante de
nós. Vós, Mãe do ‘sim’, que escutastes Jesus, falai-nos d’Ele, contai-nos sobre
vossa estrada para segui-lo no caminho da fé, ajudai-nos a anunciá-lo para que
cada homem possa acolhê-lo e se tornar morada de Deus. Amém!”. Papa Bento XVI.
Fonte: http://blog.cancaonova.com/padreluizinho/2012/10/11/o-que-e-o-ano-da-fe-o-porque-a-igreja-celebra/
Fonte: http://blog.cancaonova.com/padreluizinho/2012/10/11/o-que-e-o-ano-da-fe-o-porque-a-igreja-celebra/
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